BSCoop Balanço Social Cooperativo

Conheça o BSCoop – Balanço Social Cooperativo

Conheça a lógica do BSCoop – Balanço Social Cooperativo, segundo Juan Carlos San Bartolomé e Liliana González
Mais do que uma prestação de contas, o BSCoop é a contabilidade da alma cooperativa

Por que cooperativas devem ser avaliadas de forma diferente?

Uma cooperativa não é uma empresa comum. Sua origem, sua razão de existir e sua forma de atuar são profundamente diferentes. Enquanto o objetivo de uma empresa tradicional é gerar lucro para seus acionistas, o propósito de uma cooperativa é satisfazer as necessidades econômicas, sociais e culturais de seus associados, contribuindo para o bem-estar coletivo e para o desenvolvimento do território onde está inserida.

Por isso, não faz sentido avaliá-las apenas com base em métricas convencionais de mercado. Cooperativas precisam de indicadores próprios, coerentes com sua identidade, que considerem não apenas resultados financeiros, mas também impacto social, participação democrática, educação, cooperação e compromisso comunitário.

“As cooperativas são um lembrança à comunidade internacional de que é possível buscar simultaneamente a viabilidade econômica e a responsabilidade social.”
— Ban Ki-moon, ex-secretário-geral da ONU

É justamente nesse espírito que surge o Balanço Social Cooperativo (BSCoop): uma ferramenta pensada desde dentro do movimento cooperativo, por pessoas que compreendem sua lógica, seus valores e sua missão.

O que é o Balanço Social Cooperativo?

Idealizado por Juan Carlos San Bartolomé e Liliana González, referências em responsabilidade social cooperativa na América Latina, o BSCoop é uma metodologia de avaliação que permite às cooperativas medir e comunicar seu impacto de forma estruturada, transparente e coerente com seus princípios.

Mais do que um relatório, o BSCoop é uma ferramenta de gestão estratégica e de prestação de contas ética, que se ancora nos sete princípios cooperativos e organiza indicadores sociais, ambientais, educacionais e institucionais, permitindo que a cooperativa enxergue o que faz, como faz e por que faz.

“O Balanço Social é a contabilidade da alma cooperativa.”
— Juan Carlos San Bartolomé

Para quem nunca ouviu falar do BSCoop

Imagine uma cooperativa que promove oficinas de educação financeira, apoia escolas públicas, estimula o protagonismo juvenil, protege o meio ambiente e investe em desenvolvimento local. Imagine, ainda, que ela devolve milhões de reais em sobras aos associados e oferece crédito justo em comunidades que os bancos ignoram.

Agora imagine que tudo isso não aparece em seu balanço financeiro.

É exatamente aí que entra o BSCoop. Ele serve para tornar visível o valor invisível que as cooperativas geram todos os dias. Com indicadores, gráficos, narrativas e evidências, o BSCoop mostra que o resultado de uma cooperativa vai muito além do número final de seu lucro líquido.

O que torna o BSCoop único?

  • É pensado especificamente para cooperativas.
  • Baseia-se nos sete princípios do cooperativismo, e não apenas em normas empresariais.
  • Mede impacto humano, social, comunitário e ambiental.
  • Fortalece a transparência institucional e a legitimidade social.

“Não se trata apenas de dizer que somos diferentes. É preciso provar, com dados e ações, que somos melhores para nossas comunidades.”
— Juan Carlos San Bartolomé

Três finalidades estratégicas do BSCoop

  1. Gestão interna: ajuda a cooperativa a refletir sobre suas práticas, identificar avanços e corrigir rotas.
  2. Comunicação e transparência: apresenta dados concretos que demonstram à sociedade o impacto gerado.
  3. Incidência política e institucional: fortalece o reconhecimento público da cooperativa como agente legítimo de desenvolvimento social e econômico.

Os princípios cooperativos como eixo da avaliação

O BSCoop transforma os sete princípios cooperativos em indicadores mensuráveis. Assim, a cooperativa pode avaliar seu desempenho a partir daquilo que é mais essencial em sua identidade.

1. Adesão voluntária e livre

Significado: O princípio garante que qualquer pessoa possa ingressar na cooperativa, sem discriminação de gênero, raça, condição econômica ou ideológica.

Indicadores BSCoop:

    • Percentual de novos ingressos no ano (por faixa etária, gênero e território).
    • Existência de campanhas de incentivo à adesão em comunidades desassistidas.
    • Barreiras percebidas por potenciais novos membros (coleta por pesquisa).

Exemplo:
Na Cooperativa Obrera, o relatório destacou o aumento da participação de mulheres associadas com mais de 60 anos, incentivado por programas de inclusão digital e alfabetização econômica para a terceira idade.

2. Gestão democrática pelos membros

Significado: Os membros controlam democraticamente a cooperativa, participando de decisões estratégicas, eleições e assembleias.Indicadores BSCoop:

  • Quórum médio nas assembleias.
  • Taxa de renovação nos conselhos.
  • Participação de associados na elaboração do plano estratégico.

Exemplo:
Na Cooperativa de Electricidade de Zárate (CEZ), foi evidenciado que 89% dos conselheiros haviam participado de capacitações anteriores à eleição, e 78% dos sócios sentiram que suas propostas foram ouvidas em fóruns locais.


3. Participação econômica dos membros

Significado: Os membros contribuem equitativamente para o capital da cooperativa e participam de seus resultados.

Indicadores BSCoop:

    • Volume de sobras distribuídas e critérios de distribuição.
    • Índice de fidelização (associados que consomem mais de 3 produtos/serviços).
    • Uso de capital social para fundos educacionais ou de solidariedade.

Exemplo:
Na Coopeduc (Paraguai), o balanço demonstrou que 12% do resultado anual foi destinado a um fundo de ajuda estudantil mantido com aportes do capital social dos membros.


4. Autonomia e independência

Significado: A cooperativa é autônoma em relação ao Estado, partidos políticos ou empresas privadas.

Indicadores BSCoop:

    • Grau de dependência de subsídios ou convênios governamentais.
    • Participação de membros externos no processo decisório.
    • Existência de cláusulas estatutárias que garantem autonomia.

Exemplo:
Na Cooperativa Agraria de Tres Arroyos (Argentina), San Bartolomé destacou a política institucional que limita convênios com entes públicos a no máximo 10% da receita operacional, preservando a governança dos associados.


5. Educação, formação e informação

Significado: As cooperativas promovem educação para seus membros, dirigentes, colaboradores e comunidade.

Indicadores BSCoop:

    • Número de horas/ano de capacitação cooperativista por público-alvo.
    • Orçamento destinado à educação cooperativa.
    • Alcance de publicações e campanhas educativas.

Exemplo:
A Cooperativa Obrera informou mais de 12 mil horas de formação em 2023, abrangendo desde oficinas de governança até campanhas de consumo responsável, saúde alimentar e sustentabilidade.


6. Cooperação entre cooperativas

Significado: As cooperativas reforçam o movimento por meio da colaboração mútua, em nível local, nacional e internacional.

Indicadores BSCoop:

    • Participação em redes intercooperativas.
    • Projetos desenvolvidos com outras cooperativas.
    • Volume de compras feitas de fornecedores cooperativos.

Exemplo:
Na ACAC (Uruguai), um dos destaques foi o consórcio criado com outras cooperativas de crédito para compartilhar infraestrutura digital e reduzir custos operacionais, citado por San Bartolomé como exemplo de “cooperação aplicada ao século XXI”.


7. Interesse pela comunidade

Significado: As cooperativas atuam para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão inseridas.

Indicadores BSCoop:

    • Investimentos em projetos sociais e culturais.
    • Parcerias com ONGs, escolas, universidades ou governos locais.
    • Impacto ambiental evitado pelas operações.

Exemplo:
A CEZ (Zárate) demonstrou redução de 18% no uso de papel e migração para sistemas digitais em escolas públicas com apoio da cooperativa, gerando impacto ambiental e social mensurável.

“Os princípios cooperativos não são retórica. Eles são política institucional, gestão cotidiana e responsabilidade histórica.”
— Juan Carlos San Bartolomé

O Valor Agregado Cooperativo (VAC)

O VAC representa tudo o que a cooperativa gera de valor que não aparece na contabilidade tradicional: apoio comunitário, economia para associados, fortalecimento social, inclusão e transformação.

“O Valor Agregado Cooperativo é aquilo que damos à sociedade e que, se não formos nós, ninguém mais dará.”
— Juan Carlos San Bartolomé

BSCoop e padrões internacionais como o GRI

O BSCoop pode dialogar com padrões como o GRI, especialmente em áreas como educação, comunidade, diversidade e governança. Mas deve preservar sua lógica baseada nos princípios cooperativos.

“O BSCoop não é um ESG adaptado. É uma ferramenta com alma, com história, com valores.”
— Juan Carlos San Bartolomé

A importância da auditoria externa

Relatórios auditados por especialistas como San Bartolomé e González conferem legitimidade ao BSCoop. Casos de sucesso incluem Cooperativa Obrera, CEZ Zárate, ACAC, Coopeduc e outras cooperativas latino-americanas.

Tornar visível o invisível

O BSCoop é uma forma de provar, com dados e humanidade, por que cooperativas são relevantes, insubstituíveis e capazes de transformar comunidades. Trata-se de alinhar discurso e prática com coerência e compromisso.

“Toda cooperativa que decide fazer um Balanço Social Cooperativo está dizendo ao mundo: eu não existo apenas para vender. Eu existo para transformar.”
— Juan Carlos San Bartolomé


Elaborado pelo Portal do Cooperativismo Financeiro

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