A verdadeira grandeza de uma organização não se mede apenas nos tempos de bonança, quando os ventos sopram a favor e tudo parece fluir com facilidade. Ela se revela, sobretudo, nas horas difíceis – quando surgem os desafios inesperados, as incertezas e as provações. É nesses momentos que os valores mais profundos vêm à tona, que o propósito se reafirma e que a união se fortalece.
E justamente aí que o cooperativismo mostra sua alma resiliente. Não por acaso, ele nasceu da adversidade, de comunidades que decidiram se unir para enfrentar dificuldades juntas, apoiando-se mutuamente. Essa essência solidária, construída com base na confiança, na empatia e na colaboração, é o que sustenta as cooperativas diante das tempestades.
Quando tudo parece incerto, o cooperativismo responde com presença, com coragem e com ação coletiva. Porque sua força não está apenas nos números, mas no compromisso com as pessoas. E é esse compromisso que transforma desafios em oportunidades e crise em aprendizado.
Quando a economia desacelera, quando a incerteza cresce, quando outros recuam, as cooperativas se aproximam ainda mais dos seus associados. Elas entendem que o valor de uma parceria verdadeira se mede justamente nos momentos em que ela é mais necessária. Em muitas cidades, especialmente nas pequenas e afastadas dos grandes centros, o cooperativismo é a única presença financeira que se mantém firme. É a mão estendida quando todos os outros viram as costas.
Essa resiliência vem da própria essência cooperativa: das decisões feitas de forma coletiva, da proximidade com a realidade das comunidades, da capacidade de adaptar-se sem abrir mão dos valores. Resilência, aqui, não é teimosia.
É a capacidade de se reinventar com coragem e consciência. Por isso, o cooperativismo não apenas sobrevive às mudanças — ele se fortalece com elas.
Transforma desafios em novas oportunidades. Reinventa o seu papel para continuar sendo relevante, necessário e transformador.
É mais do que resistir, o cooperativismo inspira. Inspira pessoas a acreditarem que, mesmo diante dos momentos mais duros, é possível seguir em frente.
É possível crescer, inovar, cuidar, construir. Mesmo diante das incertezas, das mudanças aceleradas e dos inúmeros desafios que surgem pelo caminho, o cooperativismo segue firme, movido por uma convicção profunda: a de que é possível transformar realidades com base na cooperação, no respeito e na solidariedade.
Essa é a força silenciosa e invencível do cooperativismo – uma força que não grita, mas que se faz presente todos os dias, nas pequenas atitudes, nos gestos de confiança mútua, na escolha constante por caminhar juntos. Não se trata apenas de resistir ao que vem de fora – as crises, a instabilidade, as pressões do mercado. Trata-se, acima de tudo, de manter viva, dentro de si, a chama de um mundo mais justo e mais humano.
Márcio Port, é presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste e autor do livro “Cooperativismo Financeiro, uma história com propósito, publicado em 2022, e coautor dos livros “Cooperativismo de Crédito Ontem, Hoje e Amanhã”, publicado em 2012 e “Cooperativismo Financeiro: percurso histórico, perspectivas e desafios“, publicado em 2014.