Durante o painel internacional “Ano Internacional das Cooperativas e COP30”, realizado na sede da B3, foi evidenciado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o papel estratégico do cooperativismo como modelo reconhecido globalmente como sendo essencial para o desenvolvimento sustentável. Andrew Alimadi, ponto focal para cooperativas na UNDESA/ONU, que trouxe uma análise profunda sobre o valor global das cooperativas na superação dos desafios econômicos, sociais e ambientais contemporâneos.
Também participaram do painel Tânia Zanella (Sistema OCB/IPA) e José Alves (ACI Américas), reforçando a dimensão institucional e regional do movimento cooperativista rumo à COP30 e à Agenda 2030.
A visão da ONU: cooperativas como aliadas naturais da Agenda 2030
Em sua fala, Andrew Alimadi destacou três pilares que tornam o modelo cooperativo uma ferramenta essencial para o desenvolvimento sustentável:
- Governança democrática: As cooperativas oferecem um modelo de gestão baseado na participação direta dos seus membros, promovendo inclusão e empoderamento real. Essa abordagem assegura decisões orientadas pelo bem comum, fortalecendo o capital social nas comunidades. Esse modelo contrasta com estruturas corporativas tradicionais, frequentemente centralizadas e excludentes;
- Respostas locais para desafios globais: Por sua atuação territorial e capilarizada, as cooperativas conseguem enfrentar problemas globais como fome, pobreza e degradação ambiental com respostas adaptadas às realidades locais. Segundo Alimadi, essa capacidade de articulação entre o global e o local é uma das maiores forças do movimento;
- Equilíbrio entre viabilidade econômica e justiça social: O modelo cooperativo demonstra que é possível conciliar eficiência e competitividade ao mesmo tempo em que promove equidade, distribuição de renda e preservação ambiental — uma tríade que o diferencia como alternativa viável aos modelos corporativos tradicionais. Governança democrática e inclusão econômica.
Segundo Alimadi, essas características fazem das cooperativas parceiras naturais das Nações Unidas na execução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Reconhecimento institucional e presença global crescente
A ONU mantém resoluções da Assembleia Geral que reconhecem formalmente o papel das cooperativas. Em 2025, está prevista uma nova resolução com ampliação temática, abrangendo:
- Transição energética e climática;
- Inclusão digital e inovação social;
- Finanças sustentáveis e territórios resilientes.
Alimadi destacou que as cooperativas estão sendo integradas às agendas de organismos como FAO, IFAD, ONU Mulheres, PNUD e Banco Mundial, ampliando seu impacto multilateral.
COP30: visibilidade e articulação internacional
Alimadi enfatizou a importância de o movimento cooperativista estar organizado e representado na COP30, que será realizada no Brasil. Declarou:
“A COP30 não pode acontecer sem a presença das cooperativas. Elas já são parte ativa da solução climática, e é hora de o mundo reconhecer isso.”
Ele mencionou práticas concretas já adotadas por cooperativas, como:
- Energia renovável descentralizada;
- Reflorestamento comunitário e agricultura regenerativa;
- Finanças verdes com critérios ESG;
- Educação climática em rede com as comunidades.
A participação ativa na COP30 é vista como oportunidade histórica de visibilidade institucional e reconhecimento global ao modelo cooperativo.
Sustentabilidade e inovação no cooperativismo brasileiro
Tânia Zanella, representando o Sistema OCB e o Instituto Pensar Agro (IPA), apresentou iniciativas relevantes lideradas por cooperativas brasileiras:
- Recuperação de áreas degradadas e proteção de nascentes;
- Geração de energia solar em operações agroindustriais;
- Projetos de crédito verde e educação ambiental;
- Transparência na governança socioambiental.
Ela destacou que o Sistema OCB está organizando a participação institucional das cooperativas brasileiras na COP30, com foco em articulação política, parcerias internacionais e valorização de resultados concretos.
“O cooperativismo cuida das pessoas e do meio ambiente. Nossa atuação já é uma resposta real aos desafios climáticos. Vamos levar essa mensagem à COP30 com resultados e evidências.”
Panorama continental e marcos de 2025
José Alves, presidente da ACI Américas, reforçou a importância estratégica do ano de 2025 para o movimento cooperativista global, com três eventos-chave:
- Realização da COP30 no Brasil;
- Ano Internacional das Cooperativas proclamado pela ONU;
- Nova resolução da ONU sobre o papel das cooperativas.
Ele destacou as ações da ACI Américas para fortalecer:
- A presença das cooperativas em fóruns multilaterais;
- A intercooperação entre países latino-americanos;
- A formação de lideranças jovens, femininas e voltadas à inovação.
“Temos um modelo forte, legítimo e ético. O mundo precisa de soluções com alma, e o cooperativismo tem isso em sua essência.”
Cooperativas como protagonistas do futuro
A participação da ONU no painel internacional reforça o reconhecimento global de que o cooperativismo é um modelo de negócios transformador, capaz de alinhar resultados econômicos com inclusão, sustentabilidade e democracia.
Com a COP30, o Ano Internacional das Cooperativas e a nova resolução da ONU em 2025, o movimento cooperativista entra em um novo ciclo de protagonismo internacional, com oportunidades concretas de ampliar sua influência e impacto.
O mundo busca alternativas sustentáveis. O cooperativismo já tem as respostas. É hora de mostrar isso ao planeta.
Elaborado pelo Portal do Cooperativismo Financeiro