Como comunicar cooperativismo de crédito sem parecer banco

Como comunicar cooperativismo de crédito sem parecer banco, por Maysse Paes Homorato

O maior desafio das cooperativas de crédito na comunicação não é falar sobre taxas competitivas ou serviços financeiros. É mostrar que são cooperativas, e não bancos. Essa diferença precisa ser clara desde a primeira mensagem: aqui, quem abre conta não é cliente, é dono.

Comunicar o cooperativismo de crédito exige traduzir em linguagem simples e direta o que esse modelo tem de único. O cooperado participa das decisões, divide resultados e influencia os rumos da instituição. Essa ideia precisa estar presente em todos os pontos de contato, das redes sociais às assembleias, reforçando a noção de pertencimento e de participação ativa.

Outro aspecto central é evidenciar o impacto local. Enquanto bancos transferem resultados para grandes centros, às vezes fora do país, as cooperativas mantêm os recursos na região, fortalecendo comércio, agricultura e pequenos negócios. Mostrar histórias reais – uma escola que recebe apoio, um evento cultural viabilizado, uma feira de produtores valorizada – torna a comunicação mais concreta e próxima da comunidade.

A forma também importa. Mais do que relatórios e comunicados formais, a comunicação deve trazer rostos, nomes e histórias de cooperados. Isso aproxima, humaniza e cria identificação. Afinal, as pessoas querem se enxergar na mensagem.

Mas comunicar não é só falar: é ouvir também. Espaços de escuta – sejam grupos de WhatsApp, enquetes ou ouvidorias acessíveis – ampliam a transparência e permitem ajustes rápidos, fortalecendo a relação com os cooperados.

E, para que a mensagem seja completa, campanhas educativas são indispensáveis. Muitos ainda desconhecem como funcionam as sobras, as assembleias ou os programas de desenvolvimento regional. Explicar isso de forma simples ajuda a fidelizar, engajar e atrair novos cooperados.

Em resumo: comunicar o cooperativismo de crédito é revelar que existe um modelo financeiro em que cada pessoa tem voz, voto e resultados compartilhados. Um modelo que cresce no mundo há quase 200 anos, porque é mais justo e gera impacto real na vida das pessoas e das comunidades.

Essa é a diferença que separa uma cooperativa de um banco. E que precisa ser dita sem rodeios.


Maysse Paes Honorato é Head de Comunicação e Qualidade da Unicred União

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