A Alemanha é o 5º país do mundo em expressão do cooperativismo financeiro, e as cooperativas são “full banks”, o que significa que têm todos os direitos e as obrigações de qualquer banco (operações permitidas, supervisão, etc.).
Contando com mais de 30 milhões de clientes, dos quais 17,7 milhões são sócios dos bancos cooperativos, em um país com uma população de 82 milhões de pessoas, tem-se mais de 35% da população operando com um banco cooperativo, fato que faz com que a participação nos depósitos totais do país esteja próxima de 20%. Já a participação no crédito rural é de 50% e de 35% nos créditos para pequenas e médias empresas.
A entidade máxima de representação nacional do cooperativismo é a DGRV – Deutscher Genossenschafts und Raiffeisenverband e.V. (Confederação Alemã de Cooperativas), equivalente à OCB no Brasil. Em sua estrutura existem quatro federações nacionais especializadas na representação dos ramos de cooperativas, entre elas a BVR (Bundesverband der Deutschen Volksbanken und Raiffeisenbanken – Associação Federal de Bancos Populares e Bancos Raiffeisen), com sede em Berlim, à qual estão ligados os bancos cooperativos alemães.
A base forte do cooperativismo financeiro no país é constituída por uma rede de 1.078 bancos cooperativos locais, que inclui os Bancos Populares (Volksbank) e os Bancos Raiffeisen (Raiffeisenbank), que atuam no modelo de livre admissão de associados, e os Sparda-Bank e PSDBank, que atuam em nichos específicos. O grupo engloba também cerca de 150 cooperativas Raiffeisen com transações comerciais (cooperativas mistas) que desenvolvem operações bancárias e comerciais em um mesmo local.
Na estrutura existe também o WZG Bank – Westdeutsche Genossenschaftszentralbank (Banco Cooperativo Central do Oeste) e escritórios regionais do DZ Bank AG, dedicados, entre outros, à gestão da liquidez, ao refinanciamento, a atividades de comércio internacional e também atuam no apoio a grandes negócios não suportados pelos bancos cooperativos filiados.
Os bancos cooperativos locais e o WGZ Bank são os principais acionistas do Banco Cooperativo Central, o DZ Bank AG (Deutsche Zentral-Genossenschaftsbank). O sistema inclui uma série de instituições que oferecem serviços financeiros especiais e especializados. A maioria dessas empresas integradas é de propriedade comum do WGZ Bank e do DZ Bank AG. O “sistema financeiro cooperativo” alemão contempla, ainda, os bancos cooperativos hipotecários, a cooperativa de habitação Bausparkasse Schwãbisch-Hall (a maior cooperativa de financiamento de habitação da Europa), a companhia de seguros R+V Versicherung e a companhia de asset management Union Investment. O DZ Bank é o 55º maior banco do mundo, administrando ativos de US$ 534 bilhões.
Todas as empresas do sistema financeiro cooperativo estão filiadas às Federações Regionais de Auditoria Cooperativa e à Associação Federal de Bancos Populares e Bancos Raiffeisen (BVR – Bundesverband der Deutschen Volksbanken um Raiffeisenbanken e.V.) com sua federação nacional.
A BVR tem como incumbências fundamentais a gestão e o aporte de recursos do fundo de proteção e a administração da marca única dos bancos cooperativos alemães, marca essa resultante da fusão dos logotipos dos bancos populares ou urbanos, conhecidos como Volksbank, e dos bancos rurais Raiffeisenbank. O fundo de proteção assemelha-se, em parte, a um fundo garantidor, mas possui uma característica distinta importante: na Alemanha – onde os bancos cooperativos, assim como no Brasil, não integram o fundo garantidor dos bancos em geral – os recursos são utilizados basicamente para ações preventivas, objetivando a recuperação econômico-financeira dos bancos cooperativos em dificuldade, ou para a sua reorganização com vistas a processos de incorporação.
Uma característica interessante do modelo alemão é que existem no país cinco federações regionais (e mais cinco federações especializadas) de auditoria que são responsáveis por auditar todos os ramos do cooperativismo, entre eles o financeiro. O vínculo dos bancos cooperativos com essas federações é obrigatório há mais de 80 anos.
Embora existam duas grandes centrais de processamento de dados (GAD e Fiducia), responsáveis também pelo desenvolvimento de softwares, a rede de atendimento dos bancos cooperativos está totalmente interligada, contando com uma rede de 19.000 ATMs (autoatendimento).
Os ativos totais de um banco cooperativo alemão alcançam em média US$ 970 milhões. Essa cifra aumentou muito nos últimos anos devido às incorporações realizadas no setor e também pelo incremento das transações. Em 2013, 40% das cooperativas administravam ativos inferiores a US$ 350 milhões, outras 43% estavam entre US$ 350 milhões e US$ 1,3 bilhão e apenas 187 cooperativas (17%) administravam ativos superiores.
O maior banco regional cooperativo da Alemanha é o Deutsche Apotheker- und Ärztebank eG, com sede em Düsseldorf, com ativos de US$ 47 bilhões e empréstimos de US$ 37 bilhões. O 2º maior, o Sparda-Bank Baden-Württemberg eG, de Stuttgart, administra menos de 1/3 desse valor.
Veja os dados financeiros do DZ Bank
Veja os dados financeiros do WGZ Bank
Veja as seguintes matérias: