A Unión Nacional de Cooperativas de Crédito (UNACC) é a entidade que congrega 100% das cooperativas financeiras da Espanha, sendo estas divididas em Cajas Rurales (95% do total) e em Cajas Populares y Profesionales (cooperativas de crédito mútuo – 5%). A participação de mercado das cooperativas espanholas é de aproximadamente 6% nos depósitos e de 5% no crédito.
Na Espanha, o sistema financeiro permite os seguintes tipos de instituições financeiras: a) Bancos, constituídos como S/A; b) Cajas de Ahorro (CCAA), que são instituições financeiras com fins sociais (normalmente com forte apelo político, sendo boa parte delas controladas por partidos políticos); e c) instituições financeiras cooperativas, que têm estrutura semelhante à encontrada no Brasil, podendo também organizar-se em sistemas.
As cooperativas espanholas podem operar com não-associados, até o limite de 50% dos seus ativos. As pessoas jurídicas (normalmente cooperativas agropecuárias) podem participar de até 20% do capital social total. Até os anos de 2003/2004, todos os clientes eram também associados, mas, para poderem competir com os bancos, as cooperativas passaram a aceitar também contas apenas de clientes. Apesar dessa abertura a todos os públicos (notadamente no mercado urbano), o objetivo das cajas rurales é manter a liderança no mercado agropecuário. Neste momento, as cooperativas buscam a associação de todos os clientes, visto que os impostos sobre o Ato Não-Cooperativo são cerca de 5% superiores aos impostos do Ato Cooperativo.
As cooperativas financeiras da Espanha normalmente atuam em todo o país e não apenas em uma determinada região geográfica. Dos mais de 4.500 pontos de atendimento das instituições financeiras cooperativas na Espanha, tanto na capital, Madrid, como na cidade de Barcelona, a 2ª cidade mais populosa do país, existem apenas 100 deles. Isso demonstra a forte presença das cooperativas em pequenas e médias cidades.
Desde o início da crise financeira de 2008 houve um intenso movimento de incorporações e fusões entre cooperativas financeiras no país, sendo que à época existiam 81 cooperativas e, atualmente, 65. Desse movimento surgiram também 40 grupos consolidados, assemelhados a centrais, em torno dos quais se reúnem algumas cooperativas. O maior desses grupos surgidos à época é o Cajamar Caja Rural, localizado no sul da Espanha, que conta com 1.350 pontos de atendimento, 1,3 milhão de associados, 3,9 milhões de clientes e administra US$ 57 bilhões, dados estes relativos às 19 cajas rurales ligadas ao grupo.
A maior concentração de pontos de atendimento é no sul da Espanha, na comunidade autônoma de Andalucía, com 22% de todas as agências, seguida do País Valenciano (leste espanhol), com 17%. Nessas duas regiões estão localizadas duas das três maiores cooperativas financeiras da Espanha. Isoladamente, a província de Valência tem aproximadamente 500 pontos de atendimento, a maior quantidade individual, seguida por Zaragoza (comunidade autônoma de Aragón), com cerca de 300. Além dos pontos de atendimento, existem ainda, na Espanha, 4.750 caixas automáticos (ATMs).
A maioria das cajas rurales espanholas (95% delas) é filiada à Asociación Española de Cajas Rurales, principal acionista do Banco Cooperativo Espanõl.
Grupo Caja Rural – Banco Cooperativo Espanõl
A origem do Grupo Caja Rural remonta aos sindicatos rurais agrícolas, no primeiro terço do século 20. As cooperativas foram severamente afetadas pela guerra civil que assolou o país na década de 40, permanecendo sob tutela do governo até 1974. É um dos principais grupos bancários da Espanha e tem uma forte capacidade financeira e patrimonial.
A Asociación Española de Cajas Rurales foi criada em 1989 e tem como principal propósito servir de instrumento de apoio a seus membros (as cajas rurales).
Em 1990, foi criado o Banco Cooperativo Espanõl para atender às caixas rurais (cooperativas) da Associación Española de Cajas Rurales, que detêm 88% do seu capital. Os outros 12% são de propriedade do DZ Bank da Alemanha, em função de uma exigência do Banco Central Espanhol determinando que, para a criação do banco cooperativo, este deveria contar com a solidez de uma instituição cooperativa internacional de primeira linha. O Banco Cooperativo Espanõl (Rural Via) é um dos bancos integrantes do Grupo Unico Bank.
Atualmente, cerca de 40 cooperativas são filiadas ao Grupo Caja Rural, reunindo 2.700 pontos de atendimento e administrando US$ 81 bilhões.
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Grupo Mondragón
A Espanha é reconhecida também por ser o berço da Mondragón Corporação Cooperativa (MCC), grupo formado por 120 cooperativas de diversos ramos, sendo organizado em grandes grupos: financeiro, industrial e de distribuição. O braço financeiro do grupo MCC é uma Cooperativa de Crédito, a Caja Laboral Popular Sociedad Cooperativa de Crédito(que é uma das Cajas Populares Y Professionales), sendo atualmente a 2ª maior Cooperativa de Crédito da Espanha.
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Apesar de serem tratadas como Grupo, as instituições não tem uma integração total, não havendo padrões operacionais rígidos a serem observados por todas. As cooperativas inclusive podem direcionar seus recursos a outros bancos. Cada cooperativa tem sua estrutura específica de direção financeira, marketing, comercial, contabilidade, não havendo estruturas centralizadas para essas funções. As decisões corporativas são tomadas em reuniões que envolvem os representantes das cooperativas, não havendo um ambiente específico para tal.
Os depósitos dos associados estão cobertos pelo fundo garantidor gestionado pelo governo espanhol, da mesma forma que as demais instituições financeiras espanholas. A cobertura do fundo garantidor é de EUR 100 mil.
Para associar-se à uma Cooperativa do Grupo Cajas Rurales deve-se integralizar capital social de EUR 60,00 para Pessoas Físicas e EUR 300,00 para Pessoas Jurídicas.
Atualmente as Cooperativas de Crédito da Espanha possuem um grande número de clientes que não são associados às cooperativas. Até os anos de 2003/2004 todos os clientes eram associados das cooperativas, mas, para poderem competir com os bancos as cooperativas passaram a aceitar também contas apenas de clientes. Apesar desta abertura à todos os públicos (mercado urbano), o objetivo das Cajas Rurales é manter a liderança no mercado agropecuário. Neste momento as cooperativas estão buscando a associação de todos os clientes visto que os impostos sobre o Ato Não Cooperativo são cerca de 5% superiores aos impostos do Ato Cooperativo. Uma forma de incentivar esta associação é a prática de taxas de crédito maiores para os clientes quando comparados aos associados.
Os bancos espanhóis tem direcionado seu foco para o interior do país, região onde tradicionalmente as cooperativas detem maior atuação, fato que poderá obrigar as cooperativas a buscar seu fortalecimento através de fusões.
O Banco Cooperativo Español atua como o banco central das cooperativas, fazendo a gestão dos recursos de liquidez, interligando as cooperativas ao mercado financeiro e atendendo complementarmente aos clientes com demandas acima da capacidade operacional das cooperativas. Atua também como securitizador dos títulos das cooperativas em especial no crédito imobiliário contribuindo para geração de funding para essa modalidade que representa um pouco mais de 30% da carteira. O banco controla empresas que atuam em private equity, informática, gestão imobiliária, leasing, corretora de valores, empresa de formação profissional e gestora de fundos.
O Banco Cooperativo tem também a atribuição de lançar bônus para lastrear as operações de longo prazo e com taxas mais baixas, normalmente operações de Crédito Imobiliário.
O Banco Cooperativo Espanhol possui apenas 2 agências. O Banco possui uma carteira para grandes clientes (Banca Privada) que administra EUR 2,1 bilhões. O banco captar recursos excedentes das cooperativas para um fundo que tem o objetivo de conceder recursos (empréstimos) para grandes empresas, que normalmente não poderiam ser atendidas por apenas uma cooperativa de crédito.
Integram ainda o grupo a Rural Servicios Informáticos (todas as cooperativas utilizam a mesma plataforma tecnológica) e a empresa Seguros RGA.
Caja Laboral Popular Sociedad Cooperativa de Crédito
Nome fantasia: Caja Laboral Euskadiko Kutxa (que significa Caixa do País Vasco)
Na Espanha a Caja Laboral Popular Sociedad Cooperativa de Crédito é uma cooperativa de crédito ligada ao complexo de Mondragón. Sua sede é em Mondragón, Guipúzcoa (País Basco) na Espanha. A Caja Laboral está entre as 10 instituições financeiras mais solventes do estado.
A Caja Laboral de Mondragón é a maior das Cajas Populares y Profesionales, sendo a 2ª maior Cooperativa de Crédito da Espanha.
A Caja Laboral forma parte de Mondragón Corporación Cooperativa (MCC) cuja estrutura se configura em 3 grandes grupos: Financeiro, Industrial e Distribução. O Grupo Financiero incluir a Caja Laboral Popular e a atividade vinculada a seguros Lagun Aro.
A Caja Laboral foi constituída em 16 de Junho de 1959 com o objetivo de ser o braço financeiro do grupo Mondragón fomentando a criação de novas cooperativas através de sua Divisão Empresarial. A partir de 1971 iniciou-se a abertura de agências sendo que naquela década foram abertas 50, finalizando no ano de 1980 com 102.
Para atender os diversos públicos a Caja Laboral atende em horários flexíveis, sendo que enquanto o horário normal dos bancos é das 08:30h às 14h, a Caja Laboral, além deste horário, reabre novamente após o horário da sesta, funcionando das 16h às 20h. Cerca de 130 pontos de atendimento atendem neste horário. A lotação normal destes pontos é entre 3 a 12 pessoas, variando conforme o porte das mesmas.
Dos cerca de 200 pontos de atendimento da Caja Laboral, 200 estão localizadas no País Vasco (norte da Espanha), uma das 17 comunidades autônomas da Espanha que possui 3 províncias: Álava, Vizcaya eGuipúzcoa, sendo esta última a província em que está localizada a cidade de Arrasate-Mondragón, sede da Caja Laboral.
Do total de ativos da Caja Laboral, 74% são oriundos de Pessoas Físicas, sendo que 93% dos clientes são pessoas físicas. Deste público, 19% são jovens entre 18 e 30 anos, 40% entre 30 e 55 anos, e 27% maiores de 55 anos. Quanto às pessoas jurídicas, o foco é nas pequenas e médias empresas.
Na administração central da Cooperativa, localizada no município de Arrasate-Mondragón trabalham aproximadamente 400 pessoas, sendo 70 na área de tecnologia.
Apesar de constituída em forma de “Cooperativa de Crédito”, a Caja Laboral traz em sua essência uma “Cooperativa de Trabalho“, visto que os associados da mesma são apenas seus empregados/trabalhadores (além de algumas cooperativas do grupo MCC). Os clientes da Caja Laboral não são associados da mesma, logo, não participam de seu resultado ou de sua gestão. Considerando-se que a legislação em vigor na Espanha obriga que os tomadores de crédito sejam associados das Cooperativas de Crédito ou de empresas à ela associadas, todos os clientes tomadores de crédito são “associados de consumo” da Cooperativa de Consumo Eroski, cooperativa integrante do grupo MCC e que possui uma rede de supermercados.
A distribuição de sobras é realizada da seguinte forma:
- 50% do resultado é canalizado para o Fundo de Reserva;
- 15% é destinado ao Fundo Social Intercooperativo (grupo MCC);
- 10% é destinado ao Fundo Educacional (à exemplo do FATES);
- 25% é distribuído entre os associados.
O Conselho de Administração da Caja Laboral é formado por 12 pessoas, sendo 8 delas oriundas das demais cooperativas do grupo MCC e 4 sócios trabalhadores (funcionários). Os conselheiros não são remunerados, recebendo apenas ressarcimento de custos. As assembléias são formadas em 55% por representantes das Cooperativas do grupo MCC e em 45% por sócios de trabalho.
A Caja Laboral possui ainda um grande investimento nos esportes, a exemplo do basquete.
Em 2010 2 brasileiros jogavam no time apoiado pela Caja Laboral: Tiago Splitter e Marcelinho Hertas.
Neste ano a Caja Laboral sagrou-se campeão espanhol de basquete.
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