Entenda o Capital Social em uma Cooperativa

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Quando falamos em cooperativas de crédito, o termo capital social pode soar técnico. No entanto, o conceito é simples e essencial. Pense nele como a sua contribuição para um projeto coletivo. Cada associado coloca uma parte e, em troca, torna-se membro com direitos iguais de participação.

O que é o capital social em uma cooperativa de crédito?

Entrar numa cooperativa se parece com entrar em um clube onde todos são donos. Para fazer parte, você contribui com uma “cota de entrada”. Esse valor representa o seu tijolo na construção da casa coletiva. Cada pessoa coloca o seu tijolo. Assim, todos constroem algo que pertence a todos.

Essa contribuição não é uma taxa que some. Ela vira o capital social da cooperativa. Em outras palavras, é a soma das quotas-partes que os associados integralizam. Esse recurso move o empreendimento, fortalece o patrimônio e preserva a independência financeira. Além disso, ele torna cada associado, ao mesmo tempo, cliente e dono. Por isso, o associado usufrui de produtos e serviços e assume direitos e deveres como coproprietário.

Capital social, patrimônio e fundo de reserva

Em uma cooperativa de crédito, o capital social forma a base do patrimônio e funciona como garantia das obrigações que a sociedade assume perante terceiros. O patrimônio combina o capital social dos associados com o fundo de reserva, que a cooperativa constitui anualmente a partir de uma parcela dos resultados.

O fundo de reserva cria proteção para momentos de dificuldade e sustenta o crescimento contínuo da cooperativa. Com isso, a instituição mantém solidez e capacidade de atender os associados no longo prazo.

Democracia na prática

Ao contrário de empresas tradicionais, onde quem investe mais decide mais, a cooperativa segue outra lógica. Cada pessoa tem um voto, independentemente do valor aportado. Desse modo, as decisões respeitam a democracia e mantêm foco nas pessoas, não no capital.

O que a Lei 5.764/1971 prevê

A Lei 5.764/71 determina a divisão do capital social em quotas-partes. O valor unitário não pode superar o maior salário mínimo vigente. Além disso, nenhum associado pode deter mais de um terço do total, salvo exceções legais. Por fim, a legislação permite remunerar o capital social anualmente até o limite da taxa SELIC, calculada sobre o valor integralizado.

Distribuição das sobras em uma cooperativa

Além da remuneração do capital, a cooperativa distribui os resultados positivos — as sobras. Essa distribuição ocorre de forma proporcional à movimentação de cada associado ao longo do ano. Portanto, quem mais usa produtos e serviços tende a receber uma parcela maior.

O modelo de distribuição de sobras busca reembolsar valores cobrados a mais ou compensar valores recebidos a menor nas operações. Em síntese, a cooperativa oferece o ambiente em que os associados realizam operações entre si. A própria cooperativa media essas relações e define regras, critérios e padrões para garantir operações seguras e sustentáveis.

Resgate do capital social em uma cooperativa

Cada cooperativa define, no Estatuto Social, as condições de resgate do capital, total ou parcial. O resgate total encerra o vínculo do associado e impede operações futuras com a cooperativa. Já o resgate parcial, quando permitido, segue critérios internos e preserva a estabilidade financeira e o interesse coletivo.

Confiança e corresponsabilidade

Em resumo, o capital social vai além de um número no extrato. Ele expressa o vínculo de confiança e corresponsabilidade que une os associados. Graças a essa base, a cooperativa cresce com igualdade de direitos, democracia e benefícios coletivos.

E você, como explica o capital social para quem ainda não conhece? Deixe seu comentário e compartilhe sua experiência.

64 Comentários

  1. Boa noite! Tenho uma dúvida: no caso de uma associado de uma cooperativa agrícola que seja casado legalmente… Se ele vier a óbito ele é obrigado a pagar alguma dívida que tem na cooperativa? A dívida passa para a esposa? A cooperativa pode se usar de algum bem do falecido para quitar tal dívida?

  2. AS QUOTAS A PARTE DE UMA COOPERATIVA DE AGRICULTORES FAMILIARES TEM QUE SER PAGAS ANUALMENTE OU É SÓ UMA VEZ?

    1. Sabrina! Tens que verificar o que diz o estatuto da cooperativa sobre as quotas parte. Normalmente é uma só vez, podendo ter aportes mensais, anuais, esporádicos. Os estatutos da cooperativa esclarecerão essa dúvida.

  3. Fui cooperado entre 2011 e 2013 na Unicred Central SP mas nem as quotas partes foram devolvidas quando sai o que faço para recebe-las?

    1. Mário! Tens que verificar na própria Cooperativa, quais a formas de resgate do capital social, conforme o estatuto.

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