Mais notícias sobre o caso do Banco Panamericano

Veja abaixo as últimas informações divulgadas pela imprensa sobre o caso de fraude no Banco Panamericano. 

 

A Fraude: A origem de todos os problemas está na venda de carteiras de crédito do banco em grandes volumes a outras instituições (Bradesco e Itaú), com o objetivo de levantar dinheiro e continuar emprestando, fazendo girar a carteira.

  • A diretoria do banco Panamericano praticou irregularidade nos balanços da instituição desde janeiro de 2006. Em novembro do ano seguinte, o Panamericano emitiu ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com a operação, arrecadou quase R$ 777 milhões.
  • No total, cerca de R$ 1 bilhão em operações de crédito foram cedidas a outros bancos e não contabilizadas apropriadamente. Foi um pacote de 10 mil a 15 mil operações de empréstimos de pequeno valor.” Ainda de acordo com Hoffmann, algumas operações que já constavam como adquiridas em outras instituições remanesciam no balanço do Panamericano. “Há indícios de que houve venda dupla de carteira“.
  • Essas vendas e seus efeitos sobre o balanço não foram devidamente registrados na contabilidade, e, em seu conjunto, tiveram o efeito de inflar artificialmente seu ativo, ao mesmo tempo em que reduziam o passivo e aceleravam a geração de receitas.
  • O Panamericano continuava computando como sua as receitas decorrentes dos empréstimos já vendidos, inflando os resultados e encobrindo os prejuízos.
  • Segundo o BC, o Panamericano tinha uma estrutura de despesas incompatível com as receitas. Com isso, apurava seguidos prejuízos, que eram mascarados pelas fraudes contábeis.
  • Dentro do grupo Silvio Santos, controlador do banco, a tese existente hoje é que a maquiagem nos balanços promovida pela diretoria, ou parte dela, teve como objetivo fazer com que o banco continuasse lucrativo, o que beneficiava os executivos.
  • O BC também já encontrou no banco Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com taxas de remuneração elevadas para os padrões brasileiros. Um dos exemplos é uma captação de R$ 386 milhões, captada com prazo de 20 anos e com promessa de 27%aa. (veja a notícia)

 

Problemas com cartões de crédito: A investigação do rombo no Banco Panamericano aponta, além de problemas contábeis, a suspeita de que pode ter havido desvio de dinheiro nas operações com cartões de crédito. Durante a investigação, diretores já demitidos admitiram que financiavam o saldo de devedores dos cartões em valores superiores à dívida real. Assim, o dinheiro que saía do caixa do banco era superior ao que os clientes financiavam.

  • Do rombo total de R$ 2,5 bilhões do Panamericano, R$ 400 milhões tiveram origem nos cartões.
  • Um dos obstáculos que os investigadores vão encontrar é que o setor de cartões de crédito no Brasil vive uma espécie de limbo jurídico. Nenhum órgão de governo é responsável pela fiscalização da área. Além disso, a administradora de cartões do Panamericano não está subordinada ao banco.

 

Agravante: Por trás dessas dificuldades, explica um analista que pede para não ser identificado, está a opção do banco em se especializar numa área com altíssimos índices de calote: financiamento de automóveis usados.

  • No segundo trimestre, o BC pediu para o Panamericano reforçar as provisões contra calotes duvidosos em R$ 120 milhões (o total acabou subindo para R$ 577 milhões, o equivalente a pouco mais de 6% da carteira de crédito, porcentual pequeno se comparado ao de instituições de grande porte).
  • A estratégia concentrada nos carros usados, somada às fraudes contábeis, derrubou o banco, a despeito de dois aportes relevantes realizados nos últimos anos – R$ 777 milhões do IPO e mais R$ 739 milhões obtidos na venda de 49% do capital votante para a Caixa Econômica Federal, em novembro do ano passado.

 

Novo papel do Fundo Garantidor: Pela primeira vez desde que foi criado, em 1995, em meio ao Proer, o FGC salvou uma instituição financeira, prevenindo uma crise, em vez de tentar recuperar ativos de uma instituição já falida.

  • A recuperação da instituição falida nem sempre é bem sucedida. O Diretor Executivo do FGC, Antônio Carlos Bueno, usa como exemplo a operação do Banco Santos, que até hoje foi uma das mais bem sucedidas e mesmo assim, até agora, só 25% da dívida foi paga. “Já pagamos 10% e agora vamos quitar outros 15%. Algo extremamente positivo.” A dívida do Santos, que sofreu intervenção em 2004, supera os R$ 3 bilhões.
  • O fundo opera com apenas 14 funcionários e administra R$ 29,6 bilhões em ativos. A maior parte, cerca de R$ 20 bilhões, está operações compromissadas com BB e Caixa, lastreada em títulos públicos, remunerado pela Selic. O restante está em fundos multimercado e fundos de crédito.

 

Ministério Público: O Banco Central (BC) comunicou nesta quarta, dia 10/11, ao Ministério Público os indícios de crimes no caso na contabilidade do Banco Panamericano, informou nesta quinta (11) o diretor de Fiscalização da autoridade monetária, Alvir Alberto Hoffmann.

 

Pagamento do Fundo Garantidor de Créditos: Silvio só começará a pagar em 2013 o empréstimo de R$ 2,5 bilhões que fez no Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir o buraco no banco.

  • O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) exigiu todo o patrimônio do apresentador como garantia – e compromisso de que as empresas sejam vendidas nos próximos anos até a liquidação da dívida.
  • Está claro que a venda dos ativos não financeiros – são 16 empresas -não será suficiente para cobrir nem metade do rombo. Em 2009, o grupo faturou R$ 4,6 bilhões e registrou prejuízo de R$ 7,8 milhões.
  •  O único pedido de Silvio Santos durante os 26 dias em que negociou socorro financeiro para o Panamericano foi a permissão para vender o SBT por último. Silvio foi atendido e poderá vender o SBT no último dos dez anos que terá para devolver o dinheiro.
  • O Banco Panamericano deverá ser o primeiro a ser vendido. O empresário Silvio Santos tem a clara percepção de que o negócio financeiro requer uma administração altamente qualificada.

 

Comportamento exemplar: “Atuo no sistema financeiro há 50 anos e nunca vi nada parecido. Um empresário financeiro entregar seu patrimônio para evitar uma liquidação. Em geral eles fazem o oposto, uma blindagem. Foi um comportamento exemplar”, disse Gabriel Jorge Ferreira, presidente do conselho de administração do FGC.

 

Auditores Independentes: Hoffmann disse que os auditores podem ser penalizados. Segundo ele, era obrigação da empresa de auditoria, no caso a Deloitte, fazer o que se chama circularização, ou seja, mandar cartas para os bancos que compraram as carteiras para verificar se de fato a operação existia. “Se identificar que o auditor não fez circularização de maneira adequada, poderá responder ao BC. Mas não podemos afirmar ainda, não temos elementos”. Segundo Luiz Sandoval, presidente do conselho do banco, o Panamericano dispensou a Deloitte e está contratando a PwC.

 

Ex-Diretores e Auditoria serão processados: O Grupo Silvio Santos vai processar, nas esferas cível e criminal, os ex-diretores executivos do banco Panamericano e a auditoria externa contratada para revisar as demonstrações financeiras do banco (Deloitte).

 

Venda de ações: A diretoria do Panamericano vinha vendendo ações do banco nos últimos quatro meses. Mas foi em setembro e outubro que se concentrou a maior parte das transações, conforme apontam os formulários consolidados com os detalhes das negociações enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

  • No total, a diretoria vendeu mais de 120 mil ações preferenciais (PN, sem direito a voto), num total de R$ 1,018 milhão.
  • Parte das vendas ocorreram depois da notificação do BACEN.
  • Na última semana as ações do Panamericano cairam 37%.

 

Cinco bancos tem interesse em comprar o Panamericano: segundo fontes próximas do negócio, o Grupo Silvio Santos terá que vender o controle do Panamericano para conseguir honrar parte do empréstimo do FGC.

  • O Panamericano é uma instituição atrativa pois tem mais de 20 mil canais de venda (parceiros) e 200 lojas.
  • Com o aporte de R$ 2,5 bilhões exigido pelo BC, o banco ganhou mais liquidez para ampliar suas operações de crédito. É claro que o empréstimo precisa ser pago.

 

Fonte: Sindicato dos Bancários e Estadão

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