Número de associados dobrou na última década
POR VENILSON FERREIRA
O sistema cooperativista é um dos setores da economia brasileira que mais cresceu nos últimos anos. A cada ano milhares de brasileiros aderem ao modelo socioeconômico, que tem como referenciais a participação democrática, solidariedade, independência e autonomia. O cooperativismo ganha cada vez mais adesão porque visa às necessidades do grupo e não somente ao lucro, respeitando os pilares da sustentabilidade, ao aliar o economicamente viável ao ecologicamente correto e ao socialmente justo.
A primeira semente foi plantada no final século 19, quando surgiu a Sociedade Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto (MG), uma cooperativa de consumo, habitação e crédito fundada em 1889. Os registros relatam que o segundo empreendimento e marco histórico é uma cooperativa de crédito fundada em 1902. Trata-se da Sicredi Pioneira RS, por meio da união de seus associados superou as turbulências políticas e econômicas do século passado, funcionando até hoje em Nova Petrópolis (RS). Hoje existem 6,8 mil cooperativas, distribuídas em 13 ramos (agropecuário, trabalho, crédito, transporte, saúde, educação, habitação, produção, infraestrutura, consumo, mineral, turismo e lazer, e especiais).
Os levantamentos da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostram que o ramo de crédito é o que mais recebe adesão. No ano passado estas cooperativas tinham 7 milhões de associados, que representam a metade dos 11,5 milhões de cooperados existentes no País. Em relação ao ano de 2001, o número de cooperados no ramo crédito triplicou e somados todos os segmentos o total de associados dobrou.
Segundo o levantamento, as cooperativas de consumo vêm em segundo lugar no número de associados (2,8 milhões de associados), seguidas das agropecuárias (pouco mais de 1 milhão) e de infraestrutura (cerca de 900 mil). Dos mais de 11 milhões de brasileiros engajados em alguma cooperativa, mais de 80% vivem no Sudeste (5,1 milhões) e no Sul (4,4 milhões). São Paulo concentra o maior número de cooperados (3,4 milhões), seguido do Rio Grande do Sul (2,1 milhões), Santa Catarina (1,4 milhão), Minas Gerais (1,2 milhão) e Paraná (850 mil).
A expansão deste modelo socioeconômico se deve ao trabalho realizado pelo movimento cooperativista, que é representado oficialmente pelo Sistema OCB, composto por três entidades complementares entre si: Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). O sistema conta com 27 unidades estaduais, que em conjunto somam forças para potencializar a presença do setor na economia e na sociedade brasileira.
O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, ao comentar o balanço da entidade, lembrou que 2013 vai ficar na história do cooperativismo brasileiro como um período de fortalecimento do modelo sistêmico e integrado de governança implantado a partir de 2009. Como resultado deste esforço a gestão compartilhada, cada vez mais presente no Sistema OCB, já começa no planejamento estratégico para definir os objetivos e metas que vão nortear o trabalho.
Lopes explica que os planos são elaborados com a participação ativa das unidades estaduais e de representantes dos ramos cooperativos. “Para bem representar o sistema cooperativista com legitimidade, a OCB precisa se comunicar com as bases e acompanhar de perto a evolução das cooperativas, as dificuldades de cada ramo, as políticas públicas e as leis que podem interferir no cooperativismo”, diz ele.
Fonte: Revista Globo Rural