Open Banking: Como as cooperativas podem se preparar para o futuro do sistema financeiro?

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Assim como em todos segmentos da sociedade atual, a evolução no sistema financeiro já é vivida em muitos lugares do mundo e, esse ano, o processo rumo ao futuro chegou também ao Brasil.

Fazendo parte das inovações econômicas atuais, o Open Banking não é um movimento isolado. Ele faz parte do conjunto de iniciativas propostas pela agenda BC#, pensadas para transformar o sistema financeiro brasileiro através da democratização, digitalização, desburocratização e desmonetização.

Atualmente, das 834 instituições registradas no ecossistema Open Banking, mais de 600 são cooperativas, o que evidencia a importância do cooperativismo para o sucesso do Open Banking no Brasil. Além disso, a partir da fase 3 prevista para agosto, todas as cooperativas de crédito precisarão estar adequadas ao Open Banking, o que torna a máxima compreensão indispensável para todo o sistema cooperativista de crédito.

Para entender mais sobre esse sistema financeiro aberto na prática, sua relação direta com as cooperativas, o que esperar a partir de sua implementação e inúmeras outras questões que podem surgir a respeito, a MundoCoop conversou, com exclusividade, com o Diretor Executivo de Administração do Sicredi, César Bochi.

Confira!

O que é o Open Banking? O que ele trará de novo para os brasileiros?

O Open Banking será mais uma novidade que certamente terá grande impacto positivo no Sistema Financeiro Nacional (SFN), beneficiando os consumidores a partir de um ambiente mais integrado, transparente e competitivo.

O princípio dele é entregar ao consumidor a propriedade de seus dados, os quais sempre foram dele, mas que até aqui estiveram sob posse exclusiva das instituições financeiras as quais ele se relaciona diretamente. Na prática, o Open Banking permitirá que a pessoa controle suas finanças de maneira integrada, a partir de um único app, por exemplo, não sendo necessário acessar o aplicativo de cada instituição financeira para conferir um panorama geral de suas aplicações e transações realizadas. Basta escolher o canal de sua preferência, com a experiência que melhor lhe atende para acessar produtos e serviços em múltiplas contas de diferentes instituições financeiras em um só lugar. De forma geral, trará aos consumidores brasileiros mais autonomia, conveniência e ofertas de soluções, entre outros benefícios.

Quais os benefícios que o Open Banking irá trazer para o sistema cooperativista? Possuir uma relação mais humanizada e próxima de seus clientes se tornará um diferencial?

O Open Banking tem entre seus objetivos a busca por mais competitividade no Sistema Financeiro Nacional, por meio da eliminação da assimetria de informações entre as instituições. Logo, a partir de um sistema financeiro mais transparente, em que o consumidor possui maior domínio sobre suas informações e fácil acesso à informação sobre produtos e serviços praticados no mercado, espera-se que este movimento contribua para redução da concentração bancária no Brasil, pois, entre outros aspectos, vai haver maior visibilidade das taxas praticadas pelas instituições.

Mesmo existindo desafios, o Open Banking trará novas oportunidades para que as pessoas conheçam os benefícios que as cooperativas de crédito oferecem, pois a perspectiva é de um ambiente com mais informação, transparência e liberdade para escolha, integrando os benefícios de novas tecnologias com o relacionamento e humano que as Cooperativas fazem tão bem. Dessa forma, podemos fortalecer ainda mais o cooperativismo no Brasil, gerando mais inclusão financeira e contribuindo com o desenvolvimento econômico e social das comunidades.

Quais os maiores desafios que as instituições financeiras cooperativas terão para a implementação do Open Banking? Quais os principais pontos a ganharem atenção?

Para que as instituições financeiras cooperativas estejam alinhadas com o Open Banking é preciso que elas continuem investindo em tecnologia, de forma a adotar uma tecnologia comum no cenário de compartilhamento de informações através de APIs (do inglês, Application Programming Interface) abertas – a base do funcionamento do Open Banking – que permitam a interação entre sistemas diferentes. Esse é o ponto de partida para que as conexões com parceiros ocorram e, a partir disso, elas passem a oferecer novas experiências aos consumidores. Com isso, novos produtos e soluções também poderão ser desenvolvidos de maneira menos custosa e de modo que sejam atendidas necessidades específicas, com serviços mais personalizados. A integração de tecnologias é, provavelmente, a parte mais desafiadora no curto prazo para a implementação do Open Banking por parte das instituições financeira.

A partir disso, com a consolidação da adoção do open banking pelos associados, vem o desafio de investir nas disciplinas relacionadas a gestão de dados, como forma de extrair da quantidade enorme de informações que estarão acessíveis, aquelas que irão ajudar no processo de melhor entendimento das necessidades dos associados de forma a realização a oferta de produto e serviço mais aderente. E isso tudo acontecerá diariamente, em ciclos cada vez mais curtos de acesso a novas informações.

Qual é a relação direta da c com esse novo sistema?

As mudanças proporcionadas pelo Open Banking, principalmente no que diz respeito ao compartilhamento de informações de consumidores entre IFs facilitará muito a organizações do sistema financeiro. Para que isso ocorra de maneira segura, de modo a preservar direitos dos cidadãos em relação a seus dados pessoais, a legislação da LGPD será um instrumento fundamental. É importante deixar claro que nada será feito sem o consentimento da pessoa e, nesse sentido, a LGPD é uma regulamentação importante por assegurar ao consumidor o controle sobre seus próprios dados. Com a LGPD, foi criado o alicerce que assegura o respeito à privacidade no que tange os dados pessoais e permite que o Open Banking se desenvolva no Brasil de forma mais segura e organizada. Qualquer compartilhamento de dados será sempre autorizado pelos clientes, sempre com finalidade específica e podendo ser revogado a qualquer tempo.

Recentemente aconteceu o 1º e 2º Encontro Técnico do Open Banking com as Cooperativas de Crédito. O que é o Encontro e qual o seu objetivo?

Ambos encontros, o 1° em janeiro e este 2° no da 14/04, tiveram como objetivo disseminar as definições técnicas realizadas pela estrutura de governança do Open Banking, do qual fazemos parte como representantes da OCB, possibilitando um momento para que as demais cooperativas de crédito do país pudessem entender os requisitos necessários para realizarem as suas implementações para adesão ao Open Banking. Foi mais uma agenda bastante produtiva, na qual pudemos promover o alinhamento e a troca de informações e experiências entre as cooperativas e assim dar continuidade às medidas para a implementação e aproveitamento das oportunidades do Open Banking no segmento de cooperativismo de crédito.

Quais considerações você traria para as cooperativas após as discussões que aconteceram nesses encontros? Qual o panorama do sistema sobre o Open Banking até agora?

Temos percebido que os desafios regulatórios são imensos para todas as instituições financeiras do país, mas que são compensados pelas oportunidades que o Open Banking poderá proporcionar ao cooperativismo de crédito, se bem aproveitado pelas cooperativas. Podemos alavancar o uso de novas tecnologias para melhorar ainda mais nosso relacionamento com os associados.

Apesar dos desafios de adequação que todas as IFs estão enfrentando, entendemos que vale a pena avaliar o esforço de participar mesmo não sendo uma instituição de participação obrigatória nas fases iniciais, pois mais à frente a competição será diferente, por isso é importante aprender o Open Banking na prática, desde o seu início no país. Além disso, é importante destacar que na fase 3 do open banking, prevista para julho, é obrigatória a entrada das Cooperativas de Crédito que tenham conta de depósito com seus associados, então toda colaboração entre o segmento é valiosa para que o processo transcorra da melhor forma.

Atualmente, das 834 instituições registradas no ecossistema Open Banking, mais de 600 são cooperativas, o que evidencia a importância do cooperativismo para o sucesso do Open Banking no Brasil e, a partir da fase 3 prevista para agosto, todas as cooperativas de crédito precisarão estar adequadas ao Open Banking.

Por este motivo, estamos realizando ações para assegurar a compreensão sobre a obrigatoriedade de participação das cooperativas no Open Banking, bem como sobre as implicações em seus negócios.

A partir deste mês de abril, estamos passando também a contar com a participação direta de outras cooperativas na Governança do Open Banking, além dos sistemas Sicredi e Sicoob, ampliando o olhar sobre as particularidades do segmento na construção do Open Banking. Uma das novidades é que disponibilizamos um canal na OCB para que as Cooperativas possam sanar dúvidas a respeito do tema Open Banking: duvidasopenbanking@ocb.coop.br.

Fonte: mundocoop.com.br

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