Eficiência socioecoambiental, ação climática e cooperativismo: conexão virtuosa e necessária para um futuro sustentável, por Ênio Meinen

Tema central da COP28 (2023), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a agenda ambiental e climática tem mobilizado governos, empresas, organizações sociais, ativistas e outros atores mundo a fora. Em território nacional, pesquisa recente da Fundação Grupo Boticário, com apoio da Unesco, aponta que 8 em cada 10 brasileiros mostram-se preocupados com a situação do clima.

Endereçado especificamente como Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 13 do Pacto Global, o desígnio, que atinge criticidade emergencial, dialoga com vários dos demais aspectos do Plano de Ação das Nações Unidas, notadamente os propósitos 1, 2 e 7. A abordagem integrada dessas metas fortalece a sinergia entre os esforços globais, promovendo a consecução de resultados eficazes para o enfrentamento dos problemas socioambientais e da crise climática.

Progressos inegavelmente vêm sendo obtidos em torno da matéria, que também tem sido pauta para muitos compromissos, vinculantes e não vinculantes, em diferentes instâncias públicas e na esfera extragovernamental.

O movimento cooperativo – especialmente vocacionado para o engajamento territorial sustentável –, em suas várias formas de manifestação, tem dado, contribuições relevantes, diretamente e liderando cooperados e comunidades, para uma economia mais verde e socialmente mais justa. De igual modo, cooperativas de todos os ramos vêm assumindo um sem-número de novos encargos para um mundo menos excludente e ambiental e climaticamente mais equilibrado.

Apesar da evolução já percebida, são muitas as necessidades e abundantes as oportunidades associadas às ambições sobre dias melhores para as pessoas, o planeta e a prosperidade.

Com efeito, do cooperativismo, que sempre há de ser a referência – dada a sua orientação filosófica; dos demais modelos de empreendedorismo; dos governos e de todos nós, como como agentes de mudança, pode-se (e deve-se) esperar bem mais do que até aqui logramos alcançar. Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ao convidar-nos a sermos bons anfitriões da terra que herdamos, lembra que “se vamos continuar vivendo juntos…, todos devemos ser responsáveis por isso”.

Não podemos, portanto, negligenciar o nosso papel, manter-nos na superficialidade ou acomodar-nos com o básico, com o que até aqui fizemos. Se queremos garantir uma vida digna e saudável para as próximas gerações, e para nós próprios, ou mesmo assegurar um planeta minimamente habitável, precisamos assumir maior protagonismo nos desafios da transição.

Recentemente, testemunhamos eventos climáticos adversos sem precedente ao redor do mundo e no Brasil. Pela primeira vez, a temperatura média na Terra aumentou mais de 2ºC desde a era pré-industrial (1850 – 1900). Consequência do aquecimento global, na Índia, em Portugal e em vários outros países, as tempestades de areia (poeira) deixam de ser ocorrências isoladas e tornam-se recorrentes.

Por aqui, pela mesma razão, simultaneamente e como fenômenos combinados sem antecedente, há pouco fomos assolados por uma seca histórica no Norte; fogo extrassazonal no Centro-Oeste (Pantanal); calor extremo no Sudeste e tempestades acompanhadas de enxurradas e cheias nunca vistas no Sul.

Essas evidências, somadas a outros eventos severos e incomuns, indicam que, se não mudarmos o rumo dos acontecimentos, o risco de colapso torna-se real em um horizonte próximo. Como alerta António Guterrez (secretário-geral da ONU): “Nosso mundo precisa de ação climática em todas as frentes – tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo.”

Diante desse cenário, que começa a desenhar-se dramático, é imperativo agir imediatamente, sobretudo reproduzindo iniciativas exitosamente testadas no campo (incluindo o processo de agroverticalização, em que as cooperativas mais uma vez se destacam); no setor de serviços e na indústria

O tempo urge, e a atitude conjunta é a chave para moldar um amanhã mais justo e sustentável.

Ênio Meinen, diretor de coordenação sistêmica e relações institucionais do Sicoob e autor de “Cooperativismo financeiro na década de 2020: sem filtros!” [Confebras, 2a edição/atualizada em agosto de 2023].

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