Conselhos Ambidestros: Construir o futuro sem perder o foco do presente!, por Alsones Balestrin

Ambidestria, em seu sentido original, refere-se à habilidade de usar ambas as mãos com igual destreza. Já no mundo dos negócios utiliza-se a metáfora da ambidestria para a capacidade da organização em traçar estratégias de longo prazo enquanto explora novas oportunidades no curto prazo.

Da mesma forma, os conselhos de administração ambidestros são aqueles que equilibram com maestria o gerenciamento eficaz do presente com a visão e estratégias inovadoras para o futuro, reconhecendo que ambos são cruciais para o êxito sustentável e de longo prazo da organização.

No entanto, muitas empresas seguem reativas e em constante estado de alerta mesmo com o fim da pandemia, o que é totalmente compreensível, já que elas estão enfrentando sucessivos desafios externos. A nova lógica de trabalho remoto, problemas nas cadeias de abastecimento, conflitos geopolíticos e a ascensão tecnológica estão consumindo a energia dos conselhos de administração com demandas cada vez mais operacionais.

Num ambiente dominado por pressões de curto prazo, pensar no futuro se tornou ainda mais desafiador!

Diante desse cenário, os conselhos precisam exercitar com sabedoria o conceito de ambidestria: promover e supervisionar as estratégias de longo prazo ao mesmo tempo que estabelecem compromissos e metas que garantam o resultado de curto prazo.

Isso se tornou mais complexo do que nunca nos últimos anos!

Como sustentar estratégias de longo prazo em meio ao avanço da Inteligência Artificial Generativa e a da Computação Quântica, duas novas tecnologias que apresentam suas nuances de serem totalmente compreendidas?
Sem esquecer da agenda ESG, especialmente o constante risco climático global, que mais cresce do que arrefece, e põe em cheque o crescimento dos mercados.

Dois terços dos conselheiros consideram que a sua prioridade mais importante para o sucesso organizacional é a estratégia de longo prazo (66%), seguida pela continuidade e resiliência dos negócios (39%), aponta uma nova pesquisa do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

Esse é o conceito de ambidestria que passa a ser regra para as organizações. Ao mesmo tempo em que é necessário estratégias de longo prazo, as empresas não podem esquecer o presente. É imperativo ser altamente adaptável às rápidas mudanças de mercado para gerar resultado aos stakeholders sem comprometer o projeto de futuro.
Isso dependerá, no entanto, de um novo perfil de conselheiros, maior diversidade geracional, amplitude de áreas de conhecimento e, o mais relevante, domínio das tecnologias exponenciais.

Um novo pool de habilidades e compromissos dos conselheiros

Em 3º lugar entre prioridades dos conselheiros está o capital humano (28%). Ou seja, formar grupos com múltiplas competências e experiências de mercado, que tragam eficiência para gestão das reuniões, e tenham algumas características em comum. Otimismo tecnológico, domínio digital, poder de decisão e de comunicação são algumas.
Diante da crescente incerteza e mudança externa, os membros do conselho de administração estão reavaliando estratégias para aprimorar tanto o seu desempenho pessoal quanto o da corporação, incluindo a otimização dos relatórios de gestão e de prestações de contas.

Segundo a pesquisa do IBGC, as prioridades para melhorar a dinâmica do conselhos são:

  • A qualidade dos relatórios de gestão (45%);
  • A clareza da função do conselho versus da gestão (39%);
  • A franqueza das discussões nas reuniões do conselho (36%);
  • A dinâmica dentro do próprio board (35%).

A informação adequada ao conselho depende de relatórios de qualidade, internos, externos e frequentes. Em um contexto data driven, a qualidade das decisões está intrinsecamente relacionada à qualidade dos dados disponibilizados.

Os relatórios do conselho devem oferecer uma visão clara e abrangente, abordando oportunidades, questões e desafios para permitir discussões aprofundadas.

A negligência nesse aspecto pode expor o conselho na assertividade de suas decisões e a riscos estratégicos.

Concluindo

A ambidestria deve ser uma habilidade consistente dos conselhos, ou seja, pensar o presente e o futuro como duas dimensões fundamentais para a perenidade das organizações.

Em síntese, enfrentar as transformações constantes do cenário empresarial exige uma abordagem equilibrada entre a urgência de respostas imediatas e a necessidade vital de sustentar estratégias de longo prazo.

O atual contexto impõe uma complexidade inédita aos conselhos de administração. Entre atuar com estratégias de longo prazo e pensar nos resultados do presente, o certo não está mais em um ou outro e sim fazer ambos ao mesmo tempo. Esse é o conceito central dos conselhos ambidestros!

O que você pensa sobre isso?

Alsones Balestrin, – Board Member (CCA/CCF IBGC) | Business Strategist – Focus on Governance, Innovation & Technology | Startup Founder & Investor | Latin America Top 100 Business & Management Scientists 2022 & 2023

Fonte: linkedin.com

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