De 2005 a 2009, as cooperativas de crédito brasileiras elevaram em 150% o saldo de suas operações de crédito, alcançando nesse último ano a marca de R$ 31,2 bilhões (veja os dados). Esse movimento ocorreu simultâneo ao vigoroso aumento do volume de crédito disponível no País nos últimos anos, aproximando-se de 49% do PIB. A relevância de tal desempenho é grande, pois é o crédito a principal alavanca para suportar o crescimento econômico.
Das cerca de 1.400 cooperativas de crédito existentes no Brasil, 800 possuem volume de ativos inferior a R$ 100 milhões. Para estas, o Banco Central estuda alteração na norma a fim de simplificar as exigências, dando tratamento diferenciado no que se refere à exigência de capital próprio.
A medida vem em bom momento, já que o fortalecimento das cooperativas de crédito aumenta a eficiência das economias regionais e promove a aplicação de recursos privados em favor da própria comunidade onde estão inseridas.
Além disso, como não há idéia de lucro e os cooperados são, ao mesmo tempo, usuários e donos, as operações se realizam a preços mais “justos”, contribuindo para democratização do crédito e a desconcentração da renda.
No Espírito Santo, o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) tem tido um excelente desempenho e é, hoje, uma referência nacional. O sistema SICOOB possui no Estado 79 agências distribuídas em todas as regiões capixabas. A oferta de crédito total em 2009 foi de R$ 744 milhões, 22% acima do volume registrado de 2008. O Sicoob-ES ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão em ativos, possui quase 100 mil associados e está distribuindo cerca de R$ 24 milhões de sobras entre os cooperados.
O sistema atualmente é aberto a todas cooperativas de livre admissão, possibilitando acesso de usuários de todos os segmentos da economia. Mas seu diferencial importante é a forte presença na oferta de crédito rural. Uma a cada cinco operações de crédito rural no Espírito Santo é feita pelo Sicoob, o que o torna um agente importante do fomento à produção agrícola do Estado.
Dada a sua natureza, as cooperativas de crédito atuaram proativamente em períodos em que as instituições financeiras privadas puxaram o freio. Assim, o sistema atenuou o impacto da crise e impediu a evasão de recursos para fora do Estado.
Por tudo isso, o papel e o desempenho do Sicoob no Espírito Santo (tal como em todo o Brasil) são exemplos de modelo que está dando certo e que merece da sociedade capixaba mais atenção e valorização.
* Guilherme Lacerda é economista e atual presidente da Fundação dos Economiários Federais (Funcef).
Fonte: eshoje.com.br